O mês de junho de 2013 entrará para a história no Brasil. O povo brasileiro protagonizou uma das maiores mobilizações de sua história. Com a juventude na proa de todo o processo, governo, imprensa, empresas e todos os segmentos das elites tiveram que se render à força vinda das ruas. Nos primeiros dias tentaram tratar o povo como sempre fazem: baderneiros. Mas as suas pesquisas captaram que a população em geral estava aprovando as manifestações e que já havia percebido que a baderna mesmo no Brasil é feita pelos poderosos que comandam desde sempre a nação: os governos, os empresários sócios do governo, os bancos que roubam o povo todos os dias, a máfia do futebol, os corruptos e corruptores.
Mas qual é a pauta de reivindicações desta gente que foi às ruas em praticamente todas as grandes e médias cidades do Brasil?
Qual o fio condutor que articula toda esta gente, sem um “comando” aparente?
A espinha dorsal deste movimento é a indignação com a realidade do seu dia a dia. O povo cansou de ouvir pesquisas nos jornais dizendo que todos os governos estão bem avaliados, que o Brasil nunca esteve tão bem, mas quando este mesmo povo sai às ruas, a realidade lhe dá um tapa na cara. O ônibus é um desrespeito. A saúde púbica é privada e não funciona. A educação pública é um desastre. A segurança pública é um exército armado contra os pobres enquanto a criminalidade rola solta. A população de sem-teto nas ruas aumentando. Juventude sendo consumida pelo crack. Enquanto isto, o governo brasileiro empenha R$ 28 Bilhões para garantir a Copa do Mundo. É um desaforo.
Mas este sentimento não unificaria espontaneamente o país, de norte a sul. A internet e as redes sociais foram o elemento uniformizador desta mobilização. O povo se auto- organiza, decide quando, como e onde se encontrar. Está então feita a rebelião. Inicialmente a revolta foi bastante avessa a partidos e políticos. Por mais que digam que isto é um atraso político, não deve ser visto assim. O povo está cansado e vê na velha política a responsabilidade por “tudo o que está aí”. E o povo tem razão. Os políticos e partidos sérios têm que compreender este momento do povo e saber se somar a este sentimento e exigir as mudanças necessárias, como mudanças nas regras políticas e eleitorais, como por exemplo não permitir que empresários doem dinheiro para partidos e políticos nas eleições.
Quando o povo vai às ruas espontaneamente, como agora, aos milhões, é natural que haja um descontrole e muitas infiltrações. Há sim baderneiros infiltrados, fascistas de direita que
querem aproveitar a confusão para tentar dar uma face golpista às manifestações, e até criminosos que se valem dos tumultos para saquear e assaltar bens privados. A sociedade deve reprovar estas infiltrações, as manifestações devem ser políticas e a rebeldia deve ser canalizada contra as instituições que patrocinam a baderna institucional todos os dias. Mas o descontrole deve servir às autoridades como um aleta de que deve agir com mais responsabilidade no poder, percebendo, enfim, que o povo, mesmo tardiamente, reage. E sua reação pode ser incontrolável.
Força ao povo brasileiro! É desta forma que vamos avançar!